Homeschoolling: a educação de sucesso ou do excessivo?
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Homeschoolling: a educação de sucesso ou do excessivo?

Por Gilson Aguiar em 20/07/2021 - 08:00

O sonho de muitas pessoas é se isolar. Alguns até acreditam que fazem isso com pouco contato físico e muitas “seguidas” e “seguidores” virtuais, mensagens para lá e mensagens para cá. Os olhos e os dedinhos na tela do celular. Isolado mais conectado.

Fugimos do convívio alheio por consideramos que as pessoas são o problema, não nós. Estamos sempre com a razão e os outros com a má intenção. Doce ilusão. O isolamento nesta sociedade é prática impossível. O ambiente domiciliar já foi invadido e o negócio agora é gerenciar a invasão.

Agora emerge a discussão sobre o homeschoolling, a educação domiciliar. Pais devem ter o direito de educar seus filhos dentro de casa e não na escola? Quais seriam os critérios que norteariam esta educação?

A justificativa dos pais é de que a qualidade do ensino pode melhorar e que os filhos podem ser educados nos valores que a família defende. O direito dos pais de escolher a escola que os filhos devem cursar passa também pelos princípios que a educação moral e ética devem promover. Agora, como fica a ciência?

Para que o conhecimento científico chegue de forma eficiente é necessário que os pais tenham acesso a capital humano qualificado e plataformas eficientes com conteúdos básicos da educação. Aquele que receber a educação domiciliar deve passar pelos mesmos testes de aferição de conhecimento que os alunos que frequentam as instituições educacionais.

Logo, não sou contra a educação domiciliar. Ela é um luxo em tempos de famílias inteiras que precisam se dedicar ao trabalho e não tem condições de se dedicar minimamente a educação e, até mesmo, criação dos filhos em tempo integral.

Porém, considero que a falta de contato humano com o ambiente de uma escola faz falta a qualquer criança. Ter amigos, conviver, divertir-se e ter medidas de algo que vá além dos seres que habitam minha vida doméstica.

Apenas lembro, que se as escolas são responsáveis pela segurança física e mental das crianças e adolescentes que estão sob sua guarda durante o período escolar, os país que educarem seus filhos em casa devem também ser responsabilizados. Cada escolha tem seu bônus e seu ônus.

Retorno a questão com a qual iniciei este comentário. O mundo em que estamos, a tecnologia da informação, inteligência artificial e os múltiplos meios de contato da virtualidade. O quanto eles afetam as pessoas na atualidade. A educação de qualquer ser humano passa por esta consideração.

Durante a pandemia, as famílias de baixa renda perderam o contato com a escola por não ter acesso a internet. Já os de melhor renda se lambuzaram com ela, mergulharem de cabeça. A educação domiciliar vai atender que renda? Claro que os que podem criar um ambiente educacional na escola.

Antes, pais excessivos protegiam seus filhos das críticas da escola ao mal comportamento. Defendiam com “unhas e dentes” o rebento mal-educado. Agora, muitos destes pais vão criar uma escola para seus filhos. Educar o ser a imagem e semelhança. Evitar a medida necessária que a sociedade dá aos excessos cometidos.

Logo, muitas famílias em sua educação doméstica vão gerar excessivos e abusivos que um dia saíram da toca e vão mostrar a educação que tem, ou não.

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