Ter as coisas não te faz merecedor delas
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Opinião

Ter as coisas não te faz merecedor delas

Por Gilson Aguiar em 22/10/2020 - 08:32

Meus filhos, quando eram menores, adoravam uma série de TV chamada Lazy Town. Nela, o heróis Sportacus defendia a alimentação saudável e o exercício físico, incentivando as crianças a melhorarem sua qualidade de vida. Claro que isso exige um esforço. O herói sempre dava bons exemplos, se apresentava em movimento, andando de um lado para o outro, fazendo acrobacias. 

Mas, toda a boa série que tem um herói tem também o “bandido”. Em Lazy Town ele era Robbie Rotten, um defensor da preguiça e da comilança. Sempre tentando induzir as crianças ao ócio e a comer de forma desregrada. Em várias cenas ele aparecia com uma pilha de doces e promovia sua sedução.

Em um episódio que marcou muito, assistindo sentado ao lado do meu filho ainda pequeno, o prefeito da cidade promove uma competição marcada por uma série de atividades físicas. O herói, Sportacus, tem tudo para vencer. É uma pessoa ativa, com alimentação adequada, está em plena forma e as regras o favorecem. Mas, o vilão deseja vencê-lo, sendo o oposto do herói, não por acaso ele é o vilão. 

Robbie Rotten, não tendo as mesmas habilidades de Sportacus, decide então roubar o troféu que seria dado ao vencedor da competição. Desta forma, sentiria o prazer de ter o símbolo da vitória sem ter participado de competição alguma. Poderia exibir o símbolo de prestígio e se identificar com ele, contudo, não seria o que a aparência expressa. 

Como Robbie, o vilão de Lazy Town, há uma parte considerável de pessoas que todos os dias saem exibindo troféus de uma competição da qual nunca participou. Querem Ser, sem nunca Fazer. Acreditam que Ter lhes dá o mérito. Não. 

Ao terminar de ver este episódio da série eu fiquei feliz por ainda existirem programas infantis com está lógica. Mais que isso, adulto, percebi que ali estava uma explicação simples de que ter não é ser e uma resposta para aquela célebre pergunta, dinheiro traz felicidade? Não, porque não é ele que mede o que o ser humano é.

 

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