Queremos ou precisamos?
Imagem ilustrativa Pixabay/Domínio Público

Opinão

Queremos ou precisamos?

Por Gilson Aguiar em 15/01/2020 - 12:04

Há uma grande diferença nessas duas condições. Querer ou precisar? Estamos cercados de desejos e vontades. Na prática é isso que nos move. Vivemos a busca de algo. Por mais simples e imediato que seja, estamos sempre entre o que nos falta e nos completa. 

Nesta jornada permanente a questão fundamental é: “O que precisamos é o que queremos?”. Acredito que não. E acreditar que esta diferença é clara para todas as pessoas é uma ilusão. Parte considerável dos brasileiros se movimenta querendo muitas coisas e não consegue ter ciência do que realmente precisa.

Hoje há um endividamento significativo dos brasileiros. Em outubro do ano passado eram 64,7% das famílias brasileiras endividadas. O recebimento do décimo terceiro salário e a possibilidade do saque de parte do FGTS aliviou os números, mas não tirou a maioria do brasileiros da sobre de pendências financeiras.

No Paraná, em dezembro de 2019, 90,82% das famílias tinham dívidas. A maioria com cartões de crédito, 76,49%. Inclusive este é o meio em que se acumula contas sem a condição de cumprí-las. Ele é o maior meio de endividamento do brasileiro. Lembrando que 28,8% estão com alguma conta em atraso.

Parte considerável das nossas compras são por impulso. 60% dos brasileiros compram movidos pela emoção e não pela razão. Os dados são do SPC/Brasil. Não podem entrar em um ambiente sedutor ou em uma promoção que a emoção toma conta e a euforia leva a realizar o querer imediato e não o precisar necessário.

Há uma indústria da sedução para o consumo. Isto é uma verdade. Nunca se estudou tanto as estratégias para envolver o ser humano em um ambiente de delícias e com a felicidade materializada em coisas e serviços. A sua dignidade, respeito e valor se elevam dentro de ambientes de consumo. Nossa carência afetiva encontrou na aquisição a sua redenção. Mas é apenas ilusão.

É na definição do sentido do porque vivemos os dias que está o fundamento do que precisamos como prioridade e não o que queremos. O querer deve estar sujeito a lógica organizada de uma vida que ser longa. As nações ações imediatas devem ser orientadas pela construção de um futuro que tem como objetivo buscas mais complexas e sólidas. Não podemos nos submeter a emoção sem entender o que realmente nos comove e move em uma vida inteira.

Por isso, pense antes de agir emocionalmente. Entenda o preço do que se pratica, não só aquele na etiqueta do produto ou serviço, mas no peso que tem em sua vida. Lembrando que existir é uma condição de longo tempo e que deve ser avaliada por uma série de atos que tem sua sequência em nossa história. E isto é o que determina o que precisamos e nos afasta dos desejos do que queremos imediatamente.

 

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