Lições de 8 de janeiro
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Lições de 8 de janeiro

Por Gilson Aguiar em 08/01/2024 - 08:00

Um tiro no pé.

Hoje, dia 8 de janeiro, faz um ano da invasão dos três poderes em Brasília. Cerca de 4 mil pessoas invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o prédio do Supremo Tribunal Federal.

A invasão foi marcada por depredações e um prejuízo de mais de R$ 20 milhões. Duas mil e cem pessoas foram presas. Entre policiais e participantes feridos oitenta e quatro pessoas.

Entre os 1,4 mil denunciados, 1,3 mil pessoas foram a julgamento, 30 foram condenadas e cinquenta fizeram acordo com a Justiça.

Oposição não é extermínio.

Fora o prejuízo material, inclusive de peças histórias e documentos que eram patrimônio público, o saldo é vergonhoso pela prática do extremo. A invasão que ocorreu há um ano demonstra o que o país viveu de radicalismos desnecessários. Inclusive com discussões entre pessoas da mesma família e mortes de opositores.

Mais que o fato a ser lembrado é o que devemos combater, o extremismo, a violência, a estupidez. Pessoas confundiram o posicionamento político com imposição e ofensas. A intolerância se expressou na invasão, mas ele esteve presente no dia a dia.

Temos que defender a democracia e o respeito ao ser humano. A convivência com as diferenças e respeito a diversidade deve ser bandeira comum.

Patriotismo é outra coisa.

Os invasores de 8 de janeiro estavam vestido de verde e amarelo, diziam amar a pátria, mas a desconheciam, principalmente sua história. Se exalta uma pátria que existe para alguns e não é a construção do que todos vivemos.

Inclusive, quando se fala da totalidade da população brasileira há de se convir, somos uma diversidade com realidades distintas e que não se encaixa em um padrão gerado a fórceps e que representa mais um ideal autoritário do que a realidade que nos constitui.

Considere que nos municípios brasileiros as diferenças regionais se expressam com toda a intensidade. Neles as diferenças devem ser tratadas como diferenças e condições necessárias de superação de problemas comuns nem sempre se expressam da mesma forma.

Este é um ano de exercício da democracia.

Teremos eleições este ano. Vamos fazer escolhas, vamos eleger os líderes e representantes municipais. Prefeito e vereadores. Temos que preservar a liberdade, as regras do jogo e a necessidade de fazer da participação política um meio de mudança e não de destruição.

Uma organização democrática não passa pela liberdade de romper a própria liberdade. Não se institui a mudança das regras só porque não se foi beneficiado por ela. Da mesma forma não se considera falso tudo aquilo que contraria a nossa versão da história.

A intolerância começa exatamente onde se realiza o desejo distorcendo os fatos. Não podemos permitir que a verdade seja substituída pela versão mais agradável. Se queremos mudança, a primeira coisa a se fazer é ter consciência da realidade.

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