Ignorar é o começo de radicalizar
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Ignorar é o começo de radicalizar

Por Gilson Aguiar em 04/11/2022 - 08:24

O agressor tem uma visão estreita do mundo e fechada em si mesmo. Quando agride, não consegue compreender a complexidade da situação que está vivendo e considera que a sua percepção, sua visão particular sobre uma determinada situação, é a única que deve ser considerada. Uma miopia pessoal.

A ignorância é campo fértil para a proliferação de ideias distorcidas sobre a realidade. O chamado determinismo social por exemplo. Algumas pessoas e realidades se repetem e estão fadadas ao sucesso ou ao fracasso. O fator que explicaria isso é uma peculiaridade do clima, da constituição biológica, ou de uma determinada cultura religiosa.

Não é por acaso que prolifera a ideia da luta entre o “bem” e o “mal”. Aqueles que transferem para as forças demoníacas os males do mundo e para a mão de Deus a salvação. Aquela visão medieval da passividade humana onde a realidade é uma trama na qual estamos cumprindo um papel pré-determinado por forças que vão além de nós. Logo, por esta lógica, se cometemos um erro, não somos responsáveis por nossos atos.

O ser humano na atualidade já deveria ter superado este determinismo precária e pobre. Esta percepção limitada da realidade. Uma pregação perigosa inocentando as pessoas sobre do protagonismo de suas vidas. Nós somos responsáveis pelos nossos atos.

Este contexto da ignorância movimentou milhares de cristãos para a luta contra os muçulmanos em guerras cruzadistas na medievalidade. Formas torpes de extermínio onde a massa humana liderada por fanáticos se dispôs a fazer atos de barbárie para eliminar o suposto enviado do demônio, o infiel.

Foi esta mesma ignorância raivosa que levou ao extermínio de milhões de judeus durante o holocausto promovido pela liderança nazista. Lembrando sempre que o antissemitismo nunca morreu e repousa ainda hoje na oratória de muitos. Volta e meia dá sinal de reaparecimento. Hoje, mais que nunca, em partidos de extrema direita na Europa.

O que vivenciamos hoje é a ignorância. Ela permite alimentar o absurdo como realidade. Para isso, estimula na particularidade uma percepção falsa de brilhantismo ao considerar a tolice como verdade.

Vale separar aqueles que enxergam de forma complexa o que não conseguimos com uma percepção limitada daqueles que estão alucinando.

Por isso, não vamos confundir os que tem um bom senso crítico e lógico de compreensão daqueles que mal enxergam um palmo “diante do nariz”.

Hoje, as ruas e muitos cargos de liderança tem mais a presença dos primeiros do que dos segundos.

Não por acaso, a bestialidade virou mito e a racionalidade está julgada como esquema montado para manipular as pessoas e imporem governos injustos. Que absurdo. Na lógica do capitalismo, um sistema econômico transparente e que apoia a eficiência, há quem diga que suas melhores forças são de esquerda. Esta é uma demonstração de raciocínio pobre.

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